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quarta-feira, 5 de maio de 2010


Quando morri, a parte mais difícil de superar foi a ausência dele. Éramos inseparáveis. Eu não sabia viver sem ele.
Nas noites de frio era ele quem me afagava e me aquecia. Como eram bons aqueles momentos, em que eu podia sentir minha carne esquentando e meus ossos se enrijecendo.  
Íamos beber no bar da esquina com amigos ou sozinhos. E sempre lhe elogiavam.
A verdade é que ele era macio, eu adorava lhe acariciar. E a sua cor era tão linda, um marrom avermelhado, que me fazia arder de paixão.
Talvez fosse uma hipérbole dizer – ele era minha alma gêmea – mas eu havia dito milhares de vezes a ele, que ficava imerso no silencio. Como eu queria que ele retribuísse meu sentimento.
Meu cardigã Marc Jacobs. Lindo-de-morrer. Ok. Já estou morta.
E agora ele não é mais meu. Tia Lucy sabia que eu queria ser enterrada com ele, mas a espertinha me colocou um casaco rosa pink, e fiquei parecendo uma adolescente que quer chamar atenção mesmo depois de morta. Pobre do meu corpinho e da minha reputação. E a danadinha ficou com ele. Agora ela vive a desfilar pela Quinta Avenida acompanhada do meu cardigã de estimação.
Porém, não por muito tempo. Estou indo hoje à noite busca-lo. Seria mais fácil se eu tivesse um cúmplice. Mas quem iria ser cúmplice de um fantasma?
O primo Drake. Ele tinha uma quedinha por mim, uma vez quando estávamos na casa da vovó ele tentou me agarrar, e eu joguei um vaso de flores na sua cabeça. Desde aquele dia ele nunca mais voltou ao normal. Alguns dizem que ele é louco. E quem acreditaria em um louco?
- Drake, Drake! – falei tentando acorda-lo.
- Meu Deus! É você Jane? – ele começou a gritar, minha sorte foi que Tia Lucy dormia feito uma pedra.
- Calma, não vou te fazer mal, na verdade quero um favor – falei calmamente.
- Eu estou sonhando ou estou louco realmente?
- Você ficou louco depois da tentativa fracassada de me beijar, mas isso não importa.
- Você quase quebrou minha cabeça e isso não importa? – ele falou com certa raiva.
- Você vai me ajudar ou vamos falar da sua cabeça desmiolada? – perguntei abruptamente.
- Que favor é esse?
- Quero meu cardigã que sua mãe roubou de mim.
- Ei, ela não é ladra. Você que é uma morta – ele falou ficando com mais raiva.
- Por favor, preciso do meu cardigã, caso ao contrario não dormirei o sono profundo e eterno.
- Mortos usam cardigãs? – ele falou ironicamente.
- Você só tem que pegar no quarto da sua mãe, está em cima da poltrona e leva-lo até o meu tumulo.
- Agora? – ele perguntou apavorado.
- Quanto mais cedo melhor.
Drake cumpriu o trato e de recompensa ganhou um beijo de um fantasma. Tia Lucy ficou furiosa por não achar seu cardigã, digo o meu cardigã. E eu estou indo para o meu desconfortável caixão dormir eternamente, com o meu cardigã amado.

Essa foi a história de Jane e seu cardigã inseparável. E você tem alguma peça de roupa preferida? Qual?

Xoxo, M.

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